sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Quando o setor automotivo aposta na web




Já foi o tempo em que a decisão de compra de um automóvel passava apenas por recomendações de familiares, colegas de trabalho ou vendedores de concessionárias. De acordo com estudo recente do Google, apenas no Brasil, mais da metade dos interessados em comprar um carro buscaram entender mais sobre o produto online antes de partir para a compra nas lojas físicas.
Não é à toa que o volume de buscas por palavras relacionadas ao segmento tem subido 30% ao ano. O mundo digital está cada vez mais presente no processo de compra, seja por busca, redes sociais ou resenhas na web.
A verdade é que a compra de um bem como um carro não é fácil. Diferentemente de outros segmentos, a aquisição de um automóvel possui mais elementos racionais do que emocionais. Em geral, as pessoas pesquisam dois meses sobre o assunto antes de ir às concessionárias - sendo 61% desse tempo gasto no ambiente online - e, quando chegam lá, na maior parte das vezes já estão com a cabeça formada sobre o modelo, o motor, quais opcionais, quanto pretendem pagar e tantas outras variáveis que permeiam essa compra. O poder dado ao consumidor fez com que o mercado de automóveis subisse alguns degraus na escala de competitividade de uns anos para cá.
Publicidade. É sabido que o setor automotivo é um dos grandes investidores em publicidade no País. Das trinta empresas que mais anunciaram no primeiro semestre deste ano, cinco são do segmento e aportaram mais de R$ 2 bilhões em propaganda, segundo dados da comScore.
De acordo com pesquisa divulgada recentemente pelo Projeto Inter-Meios, a participação da web no bolo publicitário brasileiro chegou a 5,2% em junho deste ano, um aumento de 18% em relação do mesmo período de 2011. Mas ainda há muito espaço para crescer. Se observarmos os Estados Unidos, que estão mais avançados em termos de publicidade online e com o próprio mercado mais amadurecido, este número é de 23%.
Quando você assiste a um comercial de TV e há interesse no produto, é natural que o impulso seja por procurá-lo na Internet. O aumento da penetração dos dispositivos móveis desempenha um importante papel neste sentido. Dados da pesquisa Our Mobile Planet destacam que 46% das pessoas usam seu smartphone ou tablet enquanto assistem à TV. Sendo que 8% das buscas relacionadas ao segmento de auto vêm de aparelhos como esses.
A web é uma grande aliada das mídias tradicionais e deve ser percebida pelo mercado como um motor tanto para branding, quanto para vendas. A evolução do ambiente digital agregou a capacidade de apresentar publicidade de alta qualidade e relevância a uma audiência interessada e, adicionalmente, medir em detalhes a performance da campanha. A realidade é que saímos da situação em que uma ideia era barrada por falta de meios para tirá-la do papel. Hoje, chegamos a um ponto que a tecnologia está à frente da nossa criatividade e há muito o que se explorar nesse sentido.
Salão. A iminência do Salão do Automóvel, por exemplo, representa grande oportunidade para a indústria e não tem sido explorada por grande parte das montadoras na Internet. Trata-se de um momento em que o interesse pelo segmento cresce e os apaixonados por carros tomam conta da cidade e da Internet.
De acordo com a SP Turis, em sua última edição, quase 20% dos visitantes do Salão vieram de fora de São Paulo e destes, 92% chegaram à capital exclusivamente para o evento. Fica claro, portanto, que se trata de um evento de interesse nacional. Então por que não levar a experiência para além das paredes do Pavilhão de Exposições do Anhembi?
O Brasil já possui 84 milhões de pessoas conectadas e somos líderes em permanência na internet, passando Japão, Alemanha e até mesmo os Estados Unidos. Para se ter uma ideia, são gastas em média 20 horas semanais online, seja por lazer ou trabalho, já lendo revistas ou jornais, por exemplo, são três.
Neste cenário, a tendência de alta do segmento no ambiente nacional nos últimos tempos, levou a entrada de novas marcas, com design mais moderno, mais baratas ou com mais opcionais, que fazem frente às nossas velhas conhecidas. De acordo com a Fenabrave, a venda de automóveis atingiu seu recorde histórico no último mês, chegando a mais de 580 mil unidades comercializadas. Agora todas as empresas têm que correr atrás da sua fatia, seja angariando novos consumidores ou "roubando" da concorrência. O público está lá, basta ver quem o alcançará primeiro.
THIAGO MACHADO, DIRETOR DE NEGÓCIOS DE AUTO PARA O GOOGLE BRASIL - Matéria extraída do caderno de economia do O Estado de S.Paulo